Não é só uma terça-feira.

Cá estou… numa tarde comum, na estação de trem, a caminho do consultório. A foto é simples, sem grandes detalhes. Mas, por trás dela, há um universo inteiro acontecendo.

O cenário mudou - não são mais os corredores familiares da universidade, mas os labirintos vivos da cidade de São Paulo e os espaços silenciosos do consultório na Livance. E comigo, levo uma mala.

Na clínica da universidade, era a caixa lúdica que me acompanhava - repleta de brinquedos, mas também de significados profundos. Objetos que, ao mesmo tempo, abriam portas para o imaginário e escancaravam verdades duras. Agora, é a mala lúdica quem cumpre esse papel. Nela, carrego não só jogos e histórias, mas chaves que me permitem acessar a galáxia única de cada criança que atendo.

Porque na psicologia infantil, tudo é possível. O setting terapêutico se transforma no que for preciso - um palco, uma floresta encantada, uma nave espacial ou um castelo de cartas. Os pequenos acreditam em mágica, possuem superpoderes e criam mundos inteiros em um instante. E o mais bonito? Essa capacidade de imaginar e brincar não os torna frágeis. Pelo contrário, é nessa liberdade que mora a força deles.

Por isso, não é só uma terça-feira. É mais um capítulo dessa jornada onde a psicologia se entrelaça com o lúdico, o real com o simbólico - e onde cada mala carregada vale mundos inteiros.